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O irmão caçula: Entre o amor e a rivalidade fraternal

  • Foto do escritor: Karen Faria
    Karen Faria
  • 29 de jun.
  • 2 min de leitura
Vanessa Kirby interpretando Princesa Margaret em 'The Crown'
Vanessa Kirby interpretando Princesa Margaret em 'The Crown'

Ser o irmão mais novo em uma família, especialmente quando são dois irmãos, é uma experiência única… Marcada por uma mistura de afeto, comparação e muitas vezes uma sensação de se sentir esquecido. Essa dinâmica é brilhantemente explorada em The Crown, através da relação de Elizabeth e Margaret, mas também inclui a realidade de muitas famílias (incluindo a sua). 

Adler, um dos primeiros psicanalistas a estudar a rivalidade fraternal, argumentava que a posição na família molda a personalidade, no caso dos irmãos: Elizabeth por ser a primogênita, recebe atenção exclusiva no início, tornando-se mais responsável, orientada para o dever e muitas vezes o “favorito inconsciente” dos pais.

Já Margaret por ser a caçula, nunca experimentou o sentimento de ser a única e isso gera uma busca por diferenciação, buscando destaque por ser rebelde, criativa ou excêntrica. Em The Crown, Margaret não podia ser rainha, então tornou-se a “princesa rebelde” (bebendo, fumando e vivendo entre escândalos), era sua forma de dizer que se não tem o trono, pelo menos ela será lembrada, de uma forma ou de outra. 


Klein fala sobre a inveja primordial, um sentimento inconsciente em relação aquilo que o outro tem e nós não. No caso de Margaret, mesmo ela amando sua irmã, havia um incômodo silencioso, em que a todo momento ela internamente se questionava porque a Elizabeth era considerada a melhor. E isso não é culpa sua. É um mecanismo psicológico de comparação forçada comum em dinâmica de irmãos. Bowlby explica que se o caçula sente que não recebeu atenção suficiente, ele desenvolve um apego ambivalente: você ama seu irmão e quer sua aprovação, mas ao mesmo tempo você teme nunca ser tão “bom” quanto ele. Em The Crown Margaret oscila entre “seria insuportável viver sem você” e “você foi autorizada a se casar com quem quisesse!” em relação a Elizabeth. E essa ambivalência é típica do caçula. A série retrata Margaret como excêntrica (por usar a moda, festas e escândalos para chamar atenção); irritada (seu temperamento explosivo é resposta à frustração de estar em “segundo lugar”); esquecida (seus feitos são ofuscados pelos de Elizabeth). 


A rivalidade fraternal existe, e muitas vezes é alimentada pela própria família. Margaret no fim da série, entende que sua força estava justamente em não ser a Elizabeth, pois ela brilhava justamente onde Elizabeth não poderia: na irreverência, na arte e na quebra de regras.

Você não precisa ser seu irmão, você já é completo do seu jeito. Essa sombra que te colocaram, não é o seu lugar!


*Esse texto é feito por uma caçula que já sofreu muito com as comparações, para outros. <3


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