Porque a família do seu parceiro te torna a vilã?

Em 'Sex and the City' mostrava Charlotte York tendo problemas com o ex marido (filhinho de mamãe) e a ex sogra (controladora).

Você já se perguntou por que, ao entrar em um relacionamento, a família dele parece resistir à sua presença… Percebe que está sendo alvo de comentários passivo-agressivos, fofocas e até sabotagem. E quando você reage, de repente, você vira a errada? Sendo taxada de “dramática”, “sensível” ou “problemática”.

Isso não é coincidência, é um padrão tóxico enraizado em dinâmicas familiares, com um toque de machismo estrutural e jogos de poder inconscientes.

Segundo a psicanálise, muitas mães (até irmãos) criam dependência emocional do filho ou irmão, e quando você aparece, eles inconscientemente revivem um conflito ‘edípico’: para a mãe você é a “rival” que está tentando, “roubar” o lugar que era dela. Para os irmãos você pode ser vista como intrusa na dinâmica fraternal. O resultado são comentários de como ele era mais presente ou de que desde quando você chegou, tudo mudou.

Isso são projeções das inseguranças deles, não é sua culpa. Famílias com estruturas muito unidas veem qualquer mudança como ataque, pois são clãs fechados. Seu parceiro crescer e priorizar você, é visto como uma traição. E você é vista como bode expiatório, René Girard já explicava que a família precisa de um culpado, para evitar encarar seus próprios conflitos. Ou até mesmo, te usam como alvo, e quando você reage às insinuações e fofocas usam como “prova” de que você é “problemática”. Qualquer conflito vai se tornar culpa sua, e não deles. Pierre Bourdieu afirma que existem táticas sutis para fazer você duvidar de si mesma com micro agressões, fofocas e vitimização. Como se você levasse tudo a sério; espalham o quanto é difícil lidar com as suas reações; o quanto tudo é drama; é você quem entende errado… Com o objetivo de te desestabilizar e assim, também criam situações onde seu parceiro precisa “escolher um lado”. 

Muitos homens não contribuem nesses casos, e não se posicionam. Muitas mulheres se perguntam ‘por que ele não faz nada?’.

De acordo com Bowlby, é por medo de desagradar a família por apego ou insegurança, replicando submissão (a famosa Teoria do Apego). E também por pura comodidade, pois se a família ataca você, a pressão não transfere para ele, mesmo que isso signifique te deixar vulnerável. Isso revela a falta de maturidade emocional para estabelecer limites, e não é desculpa. Ele não se posiciona pois não percebe, e nunca sofreu algo parecido. Se ele não age, o problema é ele também. 

A solução é ignorar, não dar satisfações sobre as suas escolhas, reduzir contato, não frequentar lugares onde não é bem-vinda (quando relacionado a família dele) e exigir posicionamento do seu parceiro (pois ele também deve colocar limites). Se nada adiantar e ele não mudar, é hora de sair fora! Principalmente se ele minimiza sua dor, prioriza a família em tudo e pede para que você se controle ou tolere. 

Essa dinâmica não é sobre você. É o medo deles de perder controle. Famílias saudáveis aceitam novos membros, as tóxicas precisam de um para-raios para justificar seus próprios conflitos. Sua paz é inegociável e se ele não está disposto a fazer algo a pergunta não é “por que eles me odeiam?”, mas sim: “por que eu ainda estou aqui?”.  

*Esse texto é para todas que estiveram ou estão nessa situação. Você não é dramática e não está sozinha <3