A rivalidade fashion entre Carrie e Natasha em “Sex and the City”

Carrie de Sex and the city

A dinâmica entre Carrie e Natasha vai muito além de um simples triângulo amoroso com Mr. Big. É uma batalha de estilos, valores, comportamentos e até mesmo de identidade. Que são expressas através da moda. Enquanto Carrie representa o caos criativo e uma certa irreverência, Natasha encarna a elegância discreta e o minimalismo (algo que pode ser chamado como quiet luxury, atualmente). 

Carrie Bradshaw tem um estilo que é conhecido como um que mistura padrões, cores, texturas, saltos altíssimos Manolo Blahnik, peças vintage com designers luxuosos, e isso ocorre de maneira proposital. Seu visual é uma extensão de sua persona… espontâneo, emocional, que procura se expressar. Como é visto no episódio que Carrie se compara com Natasha, se descrevendo como “coluna se sexo ao lado de anúncios de implantes penianos” enquanto descreve Natasha como “cabelos brilhantes, seção de moda Vera Wang”. Essa auto imagem reflete como Carrie usa a moda como ferramenta de afirmação de sua identidade. 

Natasha, por outro lado, representa o estilo da alta sociedade de Nova York: discreta e impecável. Seu visual é clean, cheio de tons neutros, cortes clássicos e alinhados com o conservadorismo. Vestindo-se para pertencer a um círculo específico. 

A rivalidade entre as duas, também mostra a colisão social que é expressa através do guarda-roupa. Natasha com seu emprego na Ralph Lauren e seu estilo minimalista, representa um ideal de feminilidade da elite (no qual Carrie tem inveja e desdenha). 

Uma cena reveladora, é onde as duas se encontram por acaso em um provador. Natasha é sempre polida, gentil e mantém a compostura. Carrie fica desconfortável e envergonhada. No decorrer da série fica nítido que para Carrie, Natasha era a personificação de um padrão social que ela secretamente queria pertencer, e que no fundo não era sobre o Mr. Big, era sobre a Natasha. 

O contraste revela as dinâmicas de classe, identidade e auto expressão. A moda nesse contexto é sobre poder, pertencimento e performance do ‘eu’ na sociedade.