Por que homens tem medo do sucesso de suas mulheres? A crise masculina em The Crown e na vida real
- Karen Faria
- 30 de jun.
- 3 min de leitura

O casamento da Princesa Margaret com Antony Armstrong-Jones, retratado em The Crown, é mais do que uma história de amor que se desfez. É um estudo de caso sobre como a inveja masculina pode corroer uma relação quando o sucesso, o status ou o brilho da mulher ofuscam o do homem. Embora muitas vezes romantizam os relacionamentos da realeza, a dinâmica entre Margaret e Lord Snowdon revela uma verdade incômoda: alguns homens não sabem amar uma mulher que não esteja um passo atrás deles.
Por que alguns parceiros, em vez de celebrarem suas conquistas, tornam-se frios, críticos ou até sabotadores? A resposta pode estar nos mecanismos inconscientes da inveja.
Armstrong-Jones era um fotógrafo talentoso, um artista respeitado nos círculos criativos de Londres. Mas, ao se casar com Margaret, ele deixou de ser apenas "Tony" para se tornar "o marido da princesa". Esse deslocamento de identidade é crucial, e nos faz pensar no que acontece quando o papel social do homem é definido pela mulher que ele ama.
Na psicologia masculina tradicional, o homem é condicionado a ser o provedor, o centro das atenções, a figura de autoridade. Quando essa posição é ameaçada (seja pelo status, pela fama ou pelo poder financeiro da parceira), surge uma ferida narcísica em que Freud explica que o ego masculino fragilizado, pode reagir com inveja, um sentimento que se disfarça de crítica, distanciamento ou até desprezo.
Na série, vemos Armstrong-Jones alternar entre admiração e ressentimento. Ele ama Margaret, mas odeia o que ela representa: um lembrete constante de que não importa o quanto ele se esforce, nunca será tão importante quanto ela.
Quando o homem não consegue lidar com a própria insegurança, um padrão perigoso emerge: ele tenta controlar ou diminuir a mulher para se sentir superior ao criticar suas escolhas ("Você é mimada", "você não sabe o que é trabalho de verdade"); Minimizando suas conquistas ("Você só está onde está por causa do seu nome"); Sabotagem indireta (traições, ausência emocional, gaslighting).
Armstrong-Jones fez tudo isso. Suas infidelidades, retratadas em The Crown, não eram apenas fruto de um casamento infeliz, eram uma vingança inconsciente. Ele não traía Margaret por falta de amor, mas porque, em algum nível, precisava provar a si mesmo que ainda tinha poder sobre ela. A psicanálise chama isso de mecanismo de defesa: se ele não podia competir com o brilho real dela, pelo menos podia feri-la.
O caso de Margaret e Armstrong-Jones não é isolado. Quantas mulheres hoje abandonam carreiras promissoras porque seus parceiros as fazem se sentir egoístas? Quantas escondem salários mais altos para não constranger o marido?
A raiz desse problema está em uma masculinidade frágil, que ainda vê o sucesso feminino como uma afronta. Alguns homens, mesmo os mais progressistas, foram educados para acreditar que ser "o homem da relação" significa ser o mais forte, o mais admirado, o mais bem-sucedido. Quando a realidade contradiz isso, a reação pode ser de raiva, afastamento ou autossabotagem.
Margaret e Armstrong-Jones não fracassaram por falta de amor, mas porque ele nunca conseguiu lidar com o fato de que ela era, e sempre seria, maior do que ele.
*Esse texto é para todas as mulheres que abandonaram hobbies, carreiras e a si mesmas pela culpa que um homem fez vocês sentirem. Vocês não estão sozinhas! <3
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